A lagarta

Até as menores coisas consideradas

Deste mundo

Têm as maiores razões de vida

Para sua existência.

Hoje, leitores, não sonhei nada

À noite...

E tenho certeza

De que as maiores coisas

Foram sonhadas hoje.

Pois eu vi uma lagarta

Ressuscitar...

Leitores, este sonho não sonhado -

Porém vivido -

Teve seu início

Semana passada...

Eu matei um grilo...

Isso mesmo, leitores -

Eu matei um grilo!

Incrível, inesquecível -

E pesaroso -

É ver o laço da vida

Desatando suas pontas.

Um impulso momentâneo -

Talvez medo ou repugnância -

Levou-me à execução

Do pobre grilo.

O corpo do falecido

Ainda se encontra em meu banheiro...

E toda vez que eu o vejo,

Remorso, dentro de mim,

Transforma-se em piscares

Umidecidos nas pálpebras.

Hoje, novamente,

Um impulso me levou

À quase execução de uma lagarta...

Uma vassourada, para ser

Mais exato.

Depois do golpe,

Imota ela ficou,

Enquanto eu lavava minhas cuecas

E pensava nela e no grilo.

É algo fantástico a vida -

Ela me surpreende em qualquer

De suas formas e adaptações...

Contudo, a lagarta permanecia parada...

Certas vezes,

Enquanto lavava minhas cuecas,

Olhava para aquele ser prostrado

E só enxergava a vida -

Flores, campos, luz...

Primavera, mar, céu...

Planeta, galáxias, estrelas...

Árvores, água e

Lagarta...

De repente -

E para a minha felicidade -

A lagarta se moveu...

Ah, leitores...

O movimento mais doce

Que já vi e senti

Na vida...

E fez deste dia,

Em que nada sonhei à noite,

Um dia em que tudo aquilo

Existente nos sonhos

Fosse vivivo por mim -

Sob sorrisos, suspiros

E tímidas lágrimas...

Amigos, a vida nos ensina

Muitas coisas

E eu só me encanto -

Não com as coisas ensinadas,

Mas com os caminhos pelos quais

A vida nos ensina a viver...

E as coisas consideradas mais insignificantes

Existem eternamente

Nas minhas lembranças...

17/12/2012

Innocencio do Nascimento e Silva Neto
Enviado por Innocencio do Nascimento e Silva Neto em 17/12/2012
Reeditado em 17/12/2012
Código do texto: T4040317
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