Algumas poucas e boas novas

da Nova Jerusalém:

Como achas que se deleitarás num céu de brilhantes adornos e plenitudes de luz, se em vida não consegue admirar um vaga-lume, nem se encantar aos lúmens de um por do sol?

Lá na nova cidade, se não examinardes, serás tomado de um tédio que te tornará o primeiro ser caído. Tenha ressalvas ao trocar essa vida por outra. O horizonte nunca existiu para ser conquistado, mas para dar aos olhos instantes eternos.

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do Livre arbítrio:

Como achas que estar salvo depende de uma decisão racional sua, se com a mesma razão não encontras domínio sobre si e nem te aproximas permanentemente da felicidade?

Quem dera ser eficiente a salvar a própria alma.

Pensa mesmo que sua alma e a insondável Graça obedeçam a uma confissão de fé, és tu um homem tolo!

É como pensar que uma tresloucada paixão seja conduzida cabalmente por uma confissão de amor. O seresteiro que pensa assim perde sua amada no instante em que sua música cessa.

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da Oração:

Achas mesmo que Deus obedece à sua oração ou que se agrada com ela?

Se assim o fosse teria criado logo flores rezadeiras, sabiás pidonchos, jacus de joelho.

Mas ao contrário, criou todos estes, seres profanos, apostatas, ímpios, incrédulos.

E majestosos.

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do Silêncio:

Se o céu proclama a glória de Deus e sequer escreve seu Nome ou revela sua Face, vou eu ficar pronunciando ou ufanando seu Nome?

Deus que me perdoe todas as vezes que clamar seu Nome, invés de observar o céu de estrelas caladas.

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Fernão Bertã
Enviado por Fernão Bertã em 25/10/2012
Reeditado em 25/10/2012
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