O Quarto

Madrugada gris

Em mim o medo

Oculto e silencioso

Minhas palavras

presas no torno

Onde o pó do que sinto

Viaja para a plantação de algodão

De onde ao longe

Vejo meninos - raias serem levados pelo vento

Pra bem longe o meu adeus !

Para bem longe o meu eu

Eu quero ficar neste canto

Que é o meu canto intocável e seguro

Eu quero ficar aqui

Mesmo sem o seu abrigo

Emparedado empoeirado e espalhado

Eu quero ficar no meu mundo

Não toquem em nada !

Está tudo cuidadosamente guardado em minha cabeça

Vem ! Vem ! ouçam esta canção !

Vejam aquelas revistas pelo chão ...

Leiam estes papéis por sob a cama

Tem fotos , livros , discos ... tá tudo por aí

Todas essas coisas serão dispersadas por mim

Ainda sinto as mesmas vertigens

Talvez minha vaidade emudeça

Essas coisas estranhas continuam acontecendo

E mesmo que tente não conseguirei explicar

Por vezes não sei quem sou

Não sei onde estive

E quando percebo a luz

Meus olhos sorriem com a escuridão

Vou tentar acordar e esperar

Os meninos raias com um prazer arcaico de brincar .

Luciano Moska
Enviado por Luciano Moska em 04/09/2012
Reeditado em 30/09/2012
Código do texto: T3865697
Classificação de conteúdo: seguro