ÊXTASE
Quando sentires com desalento
que foste traído pela vida
e te achares impotente na subida
do poço onde se afoga o teu tormento
e na escalada do abismo em que caíste…
Não julgues inaudível teu lamento
lembra-te sempre que Ele existe!
Quando sentires amargurado
que o túnel para ti não tem saída
julgando-te no mundo abandonado
cão raivoso águia ferida
e que a vida assim já nada vale…
Açaima a tua fúria aguerrida
aguarda apenas que Ele fale!
Busca-O no sol e no vento
no verde mar que te rodeia
no céu ora azul ora cinzento
nas estrelas na brilhante lua cheia
ou até numa lembrança de outro tempo
Busca-O na paz do moribundo
no primeiro gemido da criança
na rotação eterna deste mundo
no germinar do grão lançado fundo
na derradeira força de uma esperança
Ouvirás em tudo a Sua Voz!
Sentirás então a Sua Paz!
Julgarás em êxtase que a Terra se virou
e que a outra dimensão tu aportaste…
Verás depois que nada se mudou
a não ser tu que sem saber mudaste
(1º Prémio Jogos Florais da Associação Portuguesa de Poetas/1997)
(Publicado na XI Antologia da Associação Portuguesa de Poetas/2003)