Em fuga
 
Deixei o teu santuário debaixo de chuva intensa,
raios e relâmpagos cortavam os céus.
E eu, bêbado de medo,  conduzindo a charrete
que me levaria para o mundo externo.
Assustado,  me senti um farrapo por mais esta fuga.
Vou deixando meus rastros, minhas pegadas
em todas tuas moradas, ó Amado,  deste fantástico universo.
Mas não te encontro nunca, nunca!
Fatigado, andando pelas estradas da vida,
não encontro uma migalha do teu ouro!
Sinto-me um cálice vazio aguardando ser preenchido
de tua doce música e quem sabe aprenda a cantar
somente para ti, dando um sentido à  minha vida errante.







 
 
                     Nota:  A alusão aos raios e trovões e à chuva, eu dentro de uma charrete,  é uma passagem verdadeira de minha vida. Foi quando resolvi sair do seminário em Caxambu, Minas Gerais. E na minha saída, o céu escureceu e uma tempestade se abateu sobre a charrete que me conduzia para o aeroporto da cidade. Eu de volta para o Rio de Janeiro. Senti medo e achei que estava sendo castigado por Deus, por abandonar meu retiro espiritual. Estava com 12 anos apenas. Desta lembrança, inspirei-me para fazer este poema.