Alfonso e Carmem - A Carta
Quando olho pra você
Vejo cenas de tudo que encontrei e do que perdi no caminho
Sinto a distância da estrada que separavam nossas vilas
Relembro quando brincávamos nos campos de trigo
E de como você se parecia comigo
Quando olho pra você
Percebo que me vejo anos luz
E uma sensação de paz me aquece no corredor frio
Ontem, quando olhava pra você
Tão perto e tão distante
Queria ver-te sorrindo
Feliz em me receber no seu jardim
Quando olho pra você
Sinto sermos um
Em vida, em luz, em paz
E não há nada que explique
O que sinto quando estou em você
E uma emoção tão forte brota
Quando com o seu abraço me abriga
Me conduzindo distante
Entre tantos caminhos e corpos
A minha alma alinha-se a sua
E por vezes lutamos até o fim
Ainda que o invasor tenha sido vencido
O amor está presente em Alfonso
A paisagem dos trigos nos espera
E meu escudo rugi a vitória
Do alto vejo o convento
Seu abrigo de conforto e esperança
Do Aqueduto vejo você longe
Com roupas coloridas e fitas
Iremos para nossa casa em Alcázar
Onde descansarei meus soldados irmãos
Finda mais um ciclo de guerras
Estou em Madrid no ano 1886
Vivo no berço do Leão
Não sei ondes estás
Você ainda não chegou
Tive que cumprir o protocolo governamental
E uma nova aliança nascera
Tenho em mim o desejo
Que jamais se apagara
Ano de 1913 a vejo no palco
Sua luz brilha
Não contive minha emoção
Era você retornando
Me dando uma nova vida
Finalmente poderia passar o fim dos meus dias com você
Mas para a minha surpresa
Você não me reconhecera
Você era de outra cidade e não mais como outrora
Era preciso conquistá-la mais uma vez
Em nome do amor que sinto
Tal tarefa será um prazer divino
E assim foi feito
A amei mais do que a mim mesmo
Esquecia de qualquer responsabilidade para ficar com você
Até que a guerra novamente nos separou
Desta vez sem consenso divino
Mas as fronteiras seriam as mesmas
Meu governo foi incompreendido
Minha família era distante
A mulher com quem vivia só amava a prole
A politica , a traição , a incompreensão e as mudanças dos governos após a guerra transformaram nações inteiras em pseudos presídios ideológicos e antagônicos
Fui obrigado a me exilar
E uma vez mais a sua ausência
Grita como um corvo na noite fria
Recebo a noticia de que se fora antes de mim
E agora jaz para que a vida que não vivi
Repita-se em novas vidas
Fora sei que não haverá amor tão algoz
Sinto sua falta Carmem
Amo você por uma eternidade
Com amor
Alfonso