ASSINADO: O SUICIDA
Eu não sei quem eu sou
Esqueci a que vim
De tão só que estou
Experimentei, extasiei...
Para relaxar, me diziam
Relaxei, viagei...
Mas retornei pior
Talvez parte de mim
Minha alma, sei lá
Já sei foi e nem percebi
Ninguém nota minha presença
Não percebem minha ausência
Esqueci a que vim
Por vezes me chamam à razão
Não tenho idéia de quem são
Mostram-me fragmentos de uma missão
Fracassada, desintegrada ao adentrar
Um imenso oceano de paixão
Sofro calado as dores da solidão
Não me encontro, não me entendo
Não me faço entender
Esqueci a que vim
Esqueci de como viver
Não sou aceito como sou
Isto bem cedo percebi
Devo ter aspecto desumano
Um espectro descomunal, talvez
Fui evitado, recusado, mas também
Muito procurado por questões
Que sabia as respostas
Mas esqueci...esqueceram de mim
Trancado neste quarto fétido
Abro minha porta e não entra ninguém
Fecho-a para o mundo, melhor assim
Esqueci o que sou, ou quem sou
Se sou mesmo alguém...
DIANA LIMA, SANTO ANDRÉ/SP, 21/07/2005