BRAVATA


 
Moro onde o vento esconde o cisco,
onde moram a fome, a lambida e o belisco,
e minha aventura de palito e petisco.

 
Lá, ninguém desconjura do que eu faço:
derrubo a fera e prendo firme no braço,
estupro a fruta sem estourar o bagaço.
 

Derreto o ouro e endireito o chocalho,
tombo o cipreste e não quebro o galho,
tiro leite de pedra e mastigo o cascalho.

 
Estreito a banda e durmo na beirada;
chego meia-noite, saio na madrugada,
não racho o ovo e tomo a gemada.

 
Saio com Vênus e rasgo o treponema,
circulo na artéria e desligo o sistema,
apago a memória e declamo meu poema.

 
"— Ema, ema, cada um com seu problema."




Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 04/04/2012
Reeditado em 23/03/2013
Código do texto: T3594450
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.