Poeta... outras Esferas

”Realidade, sonhos… aspirações, desejos, alegrias, tristezas, desenganos… escrever versos é cantar a vida rindo ou chorando, mas sempre poetando…”

Poeta!

Preferias à solidez das terras férteis em vida,

as agitadas, profundas, eternas águas primordiais.

Teu Ser, sempre mergulhado em inquietudes e angústias abissais, em incessante busca de quem eras e o que estavas aqui a fazer… Afinal, qual seria o teu mister, se não te podiam os surdos ouvir, nem liam os cegos teus versos, sequer?

Tuas palavras, Éolo, o Senhor dos Ventos,

ordenava ao Sudoeste as soprasse, e ele mesmo,

pelos quadrantes deste orbe, cruel as espalhava…

Teus escritos, as águas, das letras, a tinta aos poucos delavavam e as transformavam em simples manchas

de um azul desbotado que perderam todo o sentido…

tudo perdido… tudo… tudo perdido…tudo perdido…

Que triste tua sina… Que sina triste a tua … Que triste…

Não mais possuis o que fazia de ti a sonhadora criatura , a ensinar os Valores Maiores aos que te quisessem ouvir…

Sem o Verbo, nada mais és; não podes expressar sentires.

Sem o sonoro eco de tua voz, teu cantar emudeceu.

Neste mundo ensandecido, mais valia não houvesses nascido,

pois a Verdade morreu e tu, pobre poeta sem voz e sem palavras, deixaste de existir: teu mundo feneceu:

a dignidade, a piedade, a beleza mesmo da solidariedade, do amor à humanidade… após milênios de sofrimentos, sem dos homens, a piedade, por fim, esvaneceu.

Sim, poeta, partirás para outras Esferas… A eternidade estará sempre à tua espera; mesmo que vivas mil Eras , sempre serás tu: terás sempre o mesmo ‘Eu‘.

Mirna Cavalcanti de Albuquerque. Rio de Janeiro, 23 de Março de 2012.