RENOVAÇÃO
Sob a luz parca da lua minguante, com passos trôpegos
A cruzar sombria alameda juncada de jacintos e acônitos
Frios suores na marmórea pele, um respirar tão sôfrego
Negros véus lhe encobrem o olhar angustiado e atônito.
Diante do altar da capela, lágrimas rolam pela face pálida
Nas trêmulas mãos aperta um rosário de âmbar e contrita
Ela roga proteção ao Cristo Crucificado, e luz plena e cálida
Banha sua fronte como a dizer que sua prece fora ouvida.
As trevas renteiam, praguejam, mas não podem se aproximar
Tem fim o ordálio pelo qual a sofrida a moça provou o seu valor
Às portas do local sagrado, reúne coragem para o mal enfrentar:
“Teu império sobre mim acabou-se, livre estou da pungente dor!”
Sob os primeiros raios de sol, ela então descobre a cabeça e o rosto
Antes desfeito e contraído num ricto de angústia, então renovou-se!
Desvanecidas as sombras, ela pôde sair da capela, findo o desgosto
Não teme a escuridão, pois a paz divina uma nova vida lhe trouxe!