CUME DA MONTANHA
Subi á mais alta montanha
como uma águia liberta planando no ar
que busca alimento para os filhos criar
e um pouso seguro para construir o ninho
e lá do mais alto cume, espraiei o olhar
pelos cumes e cordilheiras distantes
até a vista se perder nas lonjuras azuis
e só conseguir imaginar
o azul distante do mar.
Deixei o pensamento vaguear, viajar
transpor as distâncias abismais
atravessar o oceano e as vagas eternas
e tão semelhantes á montanha
que a meus pés se estendia
e compreendi o mundo
como era um corpo uno e vivo
um imenso organismo vivo
que ondulava e respirava e vivia
como uma gigantesca baleia
com um minúsculo coral no dorso
que era eu...
Tão pequenos e efémeros que somos
humanos surreais que se julgam deuses
que podem ser anjos e logo demónios
construir obras de arte e logo em seguida
torturar, destruir, assaltar, assassinar
amar ternamente e logo em seguida odiar
magoar, desprezar, humilhar e escorraçar
que seres são estes Senhor?
Misto de anjo e demónio, seres precários
de vidas curtas, feitos de matéria perecível
mas com um espírito eterno aprisionado
e em constante aprimoramento
através do amor, e do cruel sofrimento!