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Colheita À Revelia




Assombra a dor prolongada do ontem que não se foi
Fantasmas descorados festejam o tédio e a nostalgia
Pobres almas perdidas no mar salgado da melancolia
Onde flutuam insanos medos na dor sedimentados


Agonia a tecer o tênue fio da esperança esquecida
Rumores tempestuosos inundam todos os espaços
Desalento rotineiro tece a imensa manta do cansaço
Robóticos seres em busca de no amor achar guarida


Relicários das promessas ofertadas em muitos ritos
Morte silenciosa das montanhas perdidas nos gritos
Sucumbem  no riacho da fé as últimas  gotas d'água
Sobram desencantos no tapete imenso das mágoas


Procissão de mortos vivos enfileirados em desespero
Adornados pelas posses materiais derivam no frio cais
Sob o sol causticante da avareza aos baldes semeada
Colheita à revelia dos frutos da omissão deslavada



(Ana Stoppa)



Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 04/03/2012
Reeditado em 04/03/2012
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