Nossa Senhora das Estrelas
Eu vi uma coruja em minha mente
e a segui.
Eu vi,
não com meus olhos,
apenas em pensamentos,
imagens distorcidas de um mundo astral...
Elemental ser que me guiou,
pelo ar,
sob as asas da coruja,
que voou
até aos pés de minha Senhora,
Agradeço-te!
Eu a vi,
mesmo sabendo não ser possível...
Eu a vi,
com o arco crescente da lua sob os pés,
com o Leão sagrado à sua direita,
foi que a vi...
Eu a vi em minha mente,
mesmo sabendo que mente
a tela, espelho distorcido,
da esfera à qual me prendi.
Mesmo assim, eu a vi,
com o Sol sobre seu sexo,
como filho a nascer,
com o mar a reluzir em seu olhar,
eu a vi...
A vi me estendendo a mão,
a vi rasgando meu coração
e me chamando de taça,
vaso seu...
Eu a vi,
mesmo sabendo não ser possível...
Eu a vi
e tudo que me disse,
minha Senhora das Estrelas,
foi:
Derrama-te!
Eu a vi,
mesmo sabendo não ser possível.
Eu vi sua mão estendida,
vi sua essência repartida...
Minha alma nada mais era que a sombra que ela fazia,
O mundo nada mais era que reflexo da sombra
de minha Senhora,
cuja seda branca e brilhante,
cobria-lhe de luz,
ocultando o corpo sob o véu...
Eu vi minha Senhora,
mesmo sabendo não ser possível,
pois o infinito não tem forma...
Eu vi minha Senhora
e mesmo o Sol não era mais que um adorno seu...
Eu vi minha Senhora me estender a mão,
mesmo sabendo não ser possível,
eu a vi...
Endobiose, um dia ouvi em sonho.
Não era mais minha anima a viver em mim,
mas eu,
nos olhos de minha Senhora,
a refletir ela mesma...
Eu vi minha Senhora me estender a mão,
mesmo sabendo não ser possível.
Eu a vi
e tudo o que ouvi dela foi:
Derrama-te!
Eu vi Nossa Senhora das Estrelas
a me estender a mão
E a me pedir:
Derrama-te...