Nun Samsara

Nun lugar profundo da alma,

Nun não-lugar subterrâneo em mim,

envelheço e apodreço.

A mortificatio me assola.

Desânimo, impotência, indiferença,

vem desdenhar de minha cara pálida.

Mas não, não é nada pessoal,

diz minha anima louca...

Impessoal é a essência das coisas,

que é Todo, por não ser em parte.

Nenhum e ninguém

é o nada que pode vir a ser qualquer coisa.

Mas eu sou e por isso não sou,

eis a resposta da minha questão:

Apego ao eu é danação!

Um escorpião, uma serpente e uma águia:

cada totem, para um mundo.

Que o escorpião coma a carne apodrecida,

que a serpente o devore

e que a águia a eleve aos céus...

Enquanto isso, como outrora,

vejo meu corpo apodrecer aos poucos,

sob o efeito do tempo-espaço.

Lembrou-me o velho alquimista,

cujo corpo se dissolveu na mata,

de rosto voltado para as estrelas,

Nun outro tempo, nun outro antigo eu,

que em mim renasceu

para aprender a morrer por inteiro

e assim passar a viver em tudo,

Nun próximo passo,

ainda distante...

Baco Diphues
Enviado por Baco Diphues em 27/02/2012
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