Nun Samsara
Nun lugar profundo da alma,
Nun não-lugar subterrâneo em mim,
envelheço e apodreço.
A mortificatio me assola.
Desânimo, impotência, indiferença,
vem desdenhar de minha cara pálida.
Mas não, não é nada pessoal,
diz minha anima louca...
Impessoal é a essência das coisas,
que é Todo, por não ser em parte.
Nenhum e ninguém
é o nada que pode vir a ser qualquer coisa.
Mas eu sou e por isso não sou,
eis a resposta da minha questão:
Apego ao eu é danação!
Um escorpião, uma serpente e uma águia:
cada totem, para um mundo.
Que o escorpião coma a carne apodrecida,
que a serpente o devore
e que a águia a eleve aos céus...
Enquanto isso, como outrora,
vejo meu corpo apodrecer aos poucos,
sob o efeito do tempo-espaço.
Lembrou-me o velho alquimista,
cujo corpo se dissolveu na mata,
de rosto voltado para as estrelas,
Nun outro tempo, nun outro antigo eu,
que em mim renasceu
para aprender a morrer por inteiro
e assim passar a viver em tudo,
Nun próximo passo,
ainda distante...