DEUS E A POESIA
DEUS E A POESIA
Depois de todos os seres,
A poesia é a mais versátil
Depois de mim e você,
Ela é a mais fecunda.
Ao homem, deleite e apluma;
Alenta a alma em bruma;
Conforta o coração na paixão
Atiça o corpo em sedução...
Transforma a ruína em sina
A letra se torna malha fina
Resgata sem medo o meio sagrado
Assume sem receio o veio do profano
É caixa de Pandora, surpresa
Afrodite esbanjando beleza...
E Prometeu o fogo em leveza...
Depois de todos os males,
Vem a dócil poesia
Consola com o vinho e trigo
Farta com mel e cinge a terapia...
Ela é manjar de cada dia
Ele constitui frescor e ardor
Suplemento e fresta de porões mil
Irriga a carne e o espírito entre poros sutis
Quando a dor amortece, ela surge com trepidação,
Quando emoção reclamar sua parte, é sede e ilusão,
Quando evade o além, ela insiste ser ainda real...
Quando enfoca o social, revela sublimação de energia,
Quando na solidão nos mergulha, é mão de ternura,
Quando denuncia, a alma se inquieta em utopia
Por isso, em todos os tempos e pessoas,
Homens do mundo e do monastério,
O ébrio e sóbrio
A poesia é compatibiza a treva com a aura da alma inquieta
Por isso, não importa se é clássica, se gótica, ou moderna,
Se é vanguarda, ou tradicional,
Se é surrealista ou meditativa.
Ela será sempre
Ária de quem canta sete vezes
De quem canta a vida e a sorte
De quem questiona o destino e morte
Depois de Deus, vem a poesia:
É esterco que fecunda as almas
É ônix que revela as trevas
É cristal que alumia minas!
É Fênix que renasce das cinzas...