MEU PAI, MINHA MÃE E MINHA IRMÃ MAIS VELHA.
Que saudades dos meus tempos de criança.
A gente vivia a esperança do acariciamento
do meu pai, da minha mãe e da minha irmã
mais velha.
Sempre que se queria uma coisa,
como descascar uma fruta, desembalar
um doce, um chocolate, esfriar a comida,
a gente pedia para o pai, a mãe,
a irmã mais velha:
- começa o começo !
Era tão gostoso, a sensibilidade deles
para com a gente. Suas mãos em oferta
para nós. Descascando frutas, abrindo
chocolates ou balas, esfriando alimentos,
e depois daquele começo,
era mais fácil para a gente completar
a tarefa.
E que saudades, pois tudo era feito
com carinho, paciência, ternura, dedicação
e muitas informações de como deveríamos
agir para aquilo terminarmos.
Ah ! Que saudades, do meu pai, da minha mãe,
da minha irmã mais velha.
Para eles a gente pedia para fazer o primeiro
rasgo na casca, o primeiro corte, o primeiro
rasgo na embalagem, o que nos era o mais
difícil, de pequenas e sensíveis mãos.
E como era de praxe, eles sempre acabavam
fazendo todo o serviço pra gente,
nos entregavam as frutas descascadas,
os chocolates e balas, tirados os papeis que
os cobriam, e as comidas, muitas vezes,
dadas na boca, ou as carnes cortadas,
as sopas, esfriadas com a colher ou os sopros.
Ah ! Que saudades, do meu pai, da minha mãe
e da minha irmã mais velha. Que saudades...
Vezes outras, eles começavam e a gente
terminava. Mas o início, é que era difícil,
mas como eles faziam, a gente ficava feliz.
E que falta me faz aquele tempo...
Que saudades...
Meus pais faleceram há muito tempo,
e minha irmã mais velha, há bem pouco tempo.
Têm muitos anos que deixei de ser criança.
Mas a saudade é muito presente de todos eles.
Tenho muita vontade de tê-los ao meu lado,
para:
- começarem o começo.
E isto, me faz chorar de saudades,
por não tê-los mais ao meu lado,
sinto a dificuldade de tantas cascas,
papeis, dos duros encontros que
os caminhos nos apresentam.
Nestes tempos de agora, as minhas cascas,
envólucros, as minhas refeições, sopas para
esfriar, são outras.
Ah ! Que saudades dos meus pais e da
minha irmã mais velha,
que saudades insuportáveis daqueles entes
queridos, adoráveis.
Que saudades...
Hoje, sou eu que faço tudo
e é tudo muito complicado.
São problemas de todas as espécies,
e quando tinha meus pais e minha irmã
mais velha, eles:
- começavam o começo e a coisa
andava mais legal.
Hoje tenho muitas saudades deles,
pois preciso resolver tudo a minha volta.
Os relacionamentos com amigos,
os detalhes de meu núcleo familiar,
o encaminhamento de todos os meus problemas.
E isto, me dá saudades do tempo que eles
resolviam, e as vezes eu apenas terminava
de fazê-los, pois estava fácil, porque eles
haviam, começado o começo.
Ah ! Que saudades...
Por quantas vezes os meus descançares
se tornaram insuportáveis, por casos
de perdas, desencontros, doenças,
mortes e muitos desafios a serem resolvidos.
E isto, quase sempre são abacaxis
para serem descascados.
As lembranças de meu pai, me protegendo
de todos os perigos. Minha mãe, doce, alegre,
encantadora, feliz, me encaminhando para
o melhor, mesmo com todas as suas dores
físicas, porque era muito doente, estava sempre
radiante para os filhos e seu marido. Minha irmã
mais velha, sempre cuidando de todos os manos,
dedicada para com todos, desde que era uma
pequena menina, já com tantos afazeres.
Meu pai, todas as noites rezava ao Sagrado
Coração de Jesus, que tinha em nossa sala.
Minha mãe, deitava e muitas vezes eu há via,
com lágrimas nos olhos, pelas dores que sofria.
A mana mais velha, sempre trabalhando, uma
doceira de mão cheia, responsável por nós - os mais
pequenos - suas lidas na casa, era de um orgulho
encantador.
Que saudades eu tenho deles...
Até porque, eles:
- começavam o começo !
E ai, as coisas ficavam mais fáceis para nós.
E ao finalizar este dia, diante dos meus olhos,
devo agradecer a Deus, e pedir para Deus:
- que comece o começo para mim,
porque eu preciso do amor do pai maior.
Do Escrevedor de versos: tabayara sol e sul