O meu velório
O MEU VELÓRIO
Ao chegar no meu enterro,
já de longe procedia,
minha caminhada sorrateira,
lembranças da dor e da agonia.
De prazer vivido num aterro,
gozo e prazer de ser solteira.
Foram muitas malandragem,
minha caminhada sorrateira,
bebi, fumei, beijei,
fudi, trepei, amei.
Com tanta fuleragem,
gozo e prazer de ser solteira.
De jovem escapei,
desta morte traiçoeira,
curti, brinquei, me diverti,
dancei, viajei, me cansei,
senti que não é brincadeira,
e ela chegou me descontraí.
Agora aprecio neste velório,
o povo fingindo emoção,
ficam todos por obrigação,
vejo o quanto são simplório,
morrer não é inglória,
todos irão sem distinção.
Até neste momento se sente,
o que a natureza exige, sem pranto,
aqueles que lá estão,
eu não irei vê-los sem manto,
em seus velórios nunca estarei presente,
agradeço a todos com sentimento e sem coração.