Acordar
A cama não era mais boa, não era confortável estar nela
Nenhum pensamento me prendia
Pensava em tudo e nada me apetecia
Então levantei-me e fui a janela
Abri a cortina mecanicamente
Vi que lá fora que havia ressonância para o meu desassossego
Vi os campos vazios
Mas não era um vazio qualquer
Era um vazio triste de inverno ou lugares ermos, sem gente
Nem mesmo os pássaros quero-quero
Meus infatigáveis companheiros
Que me despertam com suas gritas
E arroubos machistas, lá estavam,
Tampouco escutei o som dos marrecos madrugadeiros
Nem as vozes dos pássaros
Que sacodem as manhãs
Ainda mais desconcertado e distante fechei a janela
Percebi que aquele vazio, aquele silencio,
Vinham de ninguém mais, mas de dentro de mim
Por sorte, logo o sol despontou, trazendo no colo um novo dia
Um outro dia
Com outros pensamentos
Outras dores
Outros males!