Aflição
Ladram os cães, reverberam os homens
No famigerado da hora aflita
Contrita, a garganta aperta os solfejos que regurgitam
Os problemas mal dissolvidos que se acumulam
Bocas secam, marejam olhos, alteram-se feições
Ladram os cães, berram os homens no aflitivo cerco da vida
Caem as mordaças outrora duras e indefectíveis
Caem as certezas outrora dignificantes e evangelizadoras
Vai a vida incólume pelo dorso dos homens, seus reféns
Morrem as horas, morrem todos no insaciável do tempo
Que abrem as fendas intapáveis na alma
Ausência não preenchivel que avassala e move o mundo
Segue a vida turbulenta, seu doloroso corso
Enquanto o tempo vivido, cadáver insepulto
Escorre em nossas mãos clamando respostas
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