Vida vivida
Alguns são solos fecundos,
Palavras germinam
E o homem floresce.
E o que era sêmen,
Desaparece
Na morte que ressuscita
Para uma vida que santifica.
Outros se apegam demais
Ao útero que o acolhe,
E temem o novo nascer,
A promessa do ser,
De um futuro colhido na dor.
Dizem não ao divino convite,
Desprezando o seu próprio valor.
Amar não é opção,
É suprema necessidade,
É caminho de salvação,
Destranca as porteiras da alma,
Abre alas a felicidade.
Tal qual raio de sol
Em vidraça sem cortina,
O amor ilumina e aquece
O jardim que vazio padece.
Quem prefere se refugiar,
Corre o risco de ser prisioneiro,
Cativo das próprias escolhas.
Não se permitindo amar
Permanece a inútil semente
Não se ousando sacrificar
No intuito de ser diferente.
Morrerá sem ter descoberto
A beleza da vida vivida
Doada e consumida
Que na lei de ação-reação
Ser-lhe-ia retribuída.