Adúltera
Ouvidos quase surdos
Sob os gritos de condenação.
De repente, apenas pedras,
Estaladas, caídas no chão.
Junto às máscaras de quem se ocultara
Sob o véu da hipocrisia.
E uma linda mulher,
Que outrora se deparara
Com olhares de corrupção.
Objeto que o mundo fizera
De desejos,
De quem não soubera
Que dentro daquele templo
Residira um coração.
Nesse instante seus olhos se cruzam
Com um homem de fala serena,
Pele do rosto queimada
Pelo sol, seu irmão de caminhos.
Uma luz a penetra profundo
Mostrando-lhe o raro valor,
Saciando a carência doída
De quem tanto buscou um amor.
E diante dos olhos do homem,
Recupera a inocência vendida.
O horizonte possível se abre
No perdão, recomeço da vida.
Julgou a si próprio, quem julgara.
Absolvida, quem pecara.