ME DOANDO**

Vou andando e me doando.

Ao final não quero sobras.

Nada.

Não quero mágoa,

máculas na alma,

nódoa na roupa.

Limpidez, transparência. Lucidez é a meta

Não quero voltar pra consertar,

botar acento,

circunflexo,

revisar a gramática,

desentortar linhas incertas,

aprumar o pêndulo

acertar o relógio.

O tempo é só um vento ligeiro. Passageiro.

Vou indo sem máculas.

Minhas marcas são leves,

como passos de criança na areia.

Pecados não aderem à minha’alma

eles se esvaem pelo ralo. São nada.

Não quero deixar carma,

ter que voltar

pra fazer remendos,

calar ais e curar cortes abertos.

Vou deixar tudo quitado:

dívidas poucas

e zerada as dúvidas.

Paz é herança e legado.

cp-araujo@uol.com.br