Soteris
Jovem nascida de nobre estirpe romana
Agraciada com singular beleza e lindo cantar
No tempo dos Césares, das guerras insanas
Decidiu pelo Caminho que conduz a amar.
Recusou a seda e o ouro das ricas patrícias
Vestida de lã, dedicou-se aos infortunados
Perseguições terríveis, as mais cruas sevícias
Vitimaram os seguidores do Sublime Crucificado.
Resoluta em servir, escolheste ser a Noiva Consagrada
Abandonaste o século e suas alegrias transitórias
E com a nívea fronte de lírios brancos ornada
Selado foi o compromisso com o Sinal da Vitória.
Tua jornada seria repleta de ásperas provações
Preciso foi renunciar aos teus afetos mais caros
Mas conseguiste superar a dor das cruéis decepções
Pelo Amor Maior que dulcifica os corações mais amargos.
Chega então o momento do testemunho inelutável
Quando foste presa e ao Fórum de Nerva conduzida
Autoridades terrenas, com ódio feroz e incansável
Obrigaram-te a abjurar da fé que te nutre a vida.
Ainda que o verdugo de mão impiedosa e vil
Com bofetadas tenha lhe desfigurado a face delicada
Nenhum lamento ou gemido a mártir proferiu
Antes com heróica resistência se reerguia, encorajada.
Inúmeros outros suplícios brutais foram aplicados
Mas nenhum deles conseguiu dobrar-lhe a resolução
Como a recusa em apostatar deixa os romanos admirados
O juiz decide condená-la a perecer pela decapitação.
O gládio do carrasco ceifou-lhe o corpo material
Mas nos páramos celestes, vestida de luz no Plano Invisível
Soteris recebia a palma e a coroa da Corte Angelical
Que com ela entoava cânticos de glória imperecível!