Sortilégio

Adentramos no vazio abismal

onde o conhecido mistura-se

ao vazio incorrigível do medo

e o que é próximo alarga-se na distância...

Entramos na erma floresta

cingida nas alturas pela face nova

da velha mãe-avó-lua

com as tochas e as candeias do fogo pagão

do velho pai avô-sol dos ancestrais

com as ervas certas, o coração firme

e o ouvido atento aos sinais.

Atravessamos os vultos nas brumas

até que o íntimo da própria neblina

nos revele a hora e nos indique o local exato

onde a terra clama por seu ritual,

chamando-nos para o fogo primitivo da vida...

(Que faz pulsar seu coração de cristal).

Caçadores sacerdotes e dançarinas sacerdotisas

voltam na história para a infância do tempo

tendo apenas um céu de silêncios por testemunha...

E as brumas, mais uma vez, varrerão nossos vestígios...

Jaime E Cannes
Enviado por Jaime E Cannes em 06/10/2011
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