ISOLAMENTO
Entrincheirado como soldado,
Fugi da batalha.
A fuga foi minha própria mortalha
Revestida pelo fracasso.
A coragem necessária, mas ausente,
Tornou-me também um ser dependente
Vencido pela passividade e pelo cansaço.
Isolei-me num mundo contemplativo,
Como real caminho indicativo
De uma egoísta salvação.
Sonhando viver minha quimera,
Uma triste solidão me impusera
Improdutiva e sem reação.
Nesta acomodação, prazer que a ilusão inventa,
Minha alma em breve se insatifaz, não se contenta,
É forçada a olhar ao redor.
Meu pequeno e mesquinho mundo ante a desnuda realidade,
Caí como castelo de areia pelas águas de minha desumanidade,
Abrindo-me os olhos para o mundo real e carente de atenção maior.
Os ares tóxicos das amarguras e das aflições,
Que sufoca a esperança que habita os corações
Desperta-me, soldado que sou, para um novo desafio:
Repartir os pães e os agasalhos,
Feito caridade, pela devoção, pelo trabalho,
Em acolhimento àqueles que choram de fome e se inquietam no frio.