ISOLAMENTO

Entrincheirado como soldado,

Fugi da batalha.

A fuga foi minha própria mortalha

Revestida pelo fracasso.

A coragem necessária, mas ausente,

Tornou-me também um ser dependente

Vencido pela passividade e pelo cansaço.

Isolei-me num mundo contemplativo,

Como real caminho indicativo

De uma egoísta salvação.

Sonhando viver minha quimera,

Uma triste solidão me impusera

Improdutiva e sem reação.

Nesta acomodação, prazer que a ilusão inventa,

Minha alma em breve se insatifaz, não se contenta,

É forçada a olhar ao redor.

Meu pequeno e mesquinho mundo ante a desnuda realidade,

Caí como castelo de areia pelas águas de minha desumanidade,

Abrindo-me os olhos para o mundo real e carente de atenção maior.

Os ares tóxicos das amarguras e das aflições,

Que sufoca a esperança que habita os corações

Desperta-me, soldado que sou, para um novo desafio:

Repartir os pães e os agasalhos,

Feito caridade, pela devoção, pelo trabalho,

Em acolhimento àqueles que choram de fome e se inquietam no frio.

Néo Costa
Enviado por Néo Costa em 05/09/2011
Código do texto: T3201237