Fragmentos I

Um homem santo subia ao seu calvário

Da dor humana, fiel, iluminado

Buscando com o olhar esfogueado

O adeus de uma mulher que não viria.

Em sua mente de frágeis esperanças

Rugia o longo despertar de um Deus em ira

Soçobrando num mar de cor safira

A aguardar, incólume, o seu desfecho.

E tanto orou, sem parar, o pobre diabo

Que acabou, receoso, enforcado

E empalado numa estaca de madeira.

E hoje chora uma moça deformada

Vitimada pela dor do próprio mal

Assobrada por ensaios de cegueira.