POESIA PAGÃ

Não pense que os deuses inspiram

àqueles que fogem do mundo.

Parte de toda palavra advém dos demônios,

cáusticos seres unidos a espíritos de vivos

mortos por vícios e desejos feridos, imundos,

solitários e inconsolados...

São estes os poetas do corpo perdido,

da alma iludida,

do ventre vazio de ânimo,

e da mente ceifada de sonhos.

Os deuses se apegam àqueles

de cuja alma emana fogo

além do corpo-invólucro

que a tudo prende no pesar,

que a tudo olha por não ter

e se esquece, até mesmo

do mais humilde prazer

de a tudo poder olhar.

Espíritos livres e libertários

que tornam os versos

em rústicos sacrários,

recebem o sopro divino

dos entes, uníssonos

num corpo imaterial,

ávidos do néctar mais puro,

da mais doce ambrosia

presentes no verbo acalentado

por mentes em estado natural.

Num ato de franca apostasia

amam a tudo e anseiam ser amados

sem, contudo, exigir-lhes o ideal.

Edgar Rocha
Enviado por Edgar Rocha em 12/07/2011
Código do texto: T3091299
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