AVATARES
AVATARES (9 jul 11)
COROA DE SONETOS
AVATARES I
São dez os avatares bramanistas:
foi seu culto em Shambhala bem profundo.
Matsya é o grande peixe das conquistas,
Varana, o javali, foi o segundo...
O grande Kurma é o terceiro nestas listas,
Mohini o combate encerrou mais iracundo.
Naramsinha é o quarto, leão de largas vistas,
Yamana, o quinto, anão-gigante, salva o mundo.
Parashurama é nosso grande protetor,
seguiu-se Rama, o mais audaz guerreiro.
E o oitavo é Krishna, belo e adorável
e após, Buddha, o nono, é o condutor.
E o décimo é Kalkin, um cavalo parelheiro,
seu lugar no futuro ainda insondável...
AVATARES II
São dez os avatares bramanistas,
pois nove vezes Vishnu já encarnou.
De fato, dez, porém não se contou
o seu disfarce em maneiras feministas.
Foram tais manifestações bem realistas.
E os animais aos humanos igualou
o grande herói que a Terra assim salvou
e o Universo também, mesmo idealistas
possam ter sido tantas personalidades.
Foi imparcial e impecável na atuação,
das nove vezes que já salvou o mundo,
pois dele vêm as verdadeiras equidades.
E nessas formas de variada aceitação
foi seu culto em Shambhala bem profundo.
AVATARES III
Foi seu culto em Shambhala bem profundo,
conforme expressa, em amplas salmodias,
o Rig-Veda, o ancestral das elegias,
nos quatro cantos a se entoar do mundo.
Qual ser humano, os Vedas eu confundo:
Kama, o prazer, com o Dharma que devia.
Artha, a prosperidade que possuía,
matando Moksha ao desejo limpo ou imundo.
Entre os Devas e os Asuras o mundo oscila,
sob o olhar dessa antiquíssima Trindade.
Brahma, deus-pai, a quem jamais avistas,
Shiva, o espírito, que a criação asila,
Vishnu, o filho, protetor da humanidade...
Matsya é o grande peixe das conquistas.
AVATARES IV
Matsya é o grande peixe das conquistas...
De Brahma a noite já se aproximava.
Dos quatro Vedas então necessitava,
no mar perdidos, sob as longas cristas...
Foi Vishnu, então, para seguir suas pistas,
que Hayagriva, o Asura, roubar tentara.
Mas o avatar a Satyavrata já invocara,
um sábio humano, com agudas vistas,
que recolheu a cada uma das sementes,
de toda planta, animal ou mineral,
escondidas assim no mar profundo.
E Vishnu o carregou, em suas potentes
barbatanas, até chegar o dia final.
Varana, o javali, foi o segundo...
AVATARES V
Varana, o javali, foi o segundo.
Hirianyaksha, que também era um Asura,
roubara para si a Terra pura
e a escondera, em seu covil imundo.
Vishnu, então, no seu amor profundo
da humanidade, outro avatar procura,
meio animal, meio homem, com bravura:
feriu o demônio com seu braço iracundo.
E de novo trouxe à tona este planeta,
fendeu a terra e separou o mar,
os continentes, montanhas e outras pistas
preparando para a vida mais completa,
quando Brahma, outra vez, criasse o ar...
O grande Kurma é o terceiro nestas listas.
AVATARES VI
O grande Kurma é o terceiro nestas listas.
Quando Indra recebeu a maldição,
por ofender a Durvasa, o ermitão,
os Asuras iniciaram suas conquistas.
Foram os Devas humilhados às suas vistas;
foram a Vishnu suplicar sua proteção.
Ele os salvou da total destruição
e foi o oceano sacudido nas suas cristas.
À tona vieram os tesouros escondidos
e a Tartaruga recuperou a montanha,
salvando o Amrita do ponto mais profundo.
E quando os Devas e os Asuras, aguerridos,
disputaram o licor, em cruel sanha,
Mohini o combate encerrou mais iracundo.
AVATARES VII
Mohini o combate encerrou mais iracundo.
Virou-se Vishnu na mulher mais bela:
a própria Lakshmi era inferior a ela,
cabelos negros e rosto rubicundo...
E um artifício imaginou, fecundo...
Serviu o Amrita aos Devas a donzela,
mas Kalakuta os Asuras foram dela
beber e assim caíram em profundo
estupor, enquanto os Devas escondiam
o elixir da longa vida. Foi só esta vez
que assumiu Vishnu as femininas pistas...
E este avatar entre os dez não incluíam,
por ter sido só um ardil que assim se fez.
Naramsinha é o quarto, leão de largas vistas,
AVATARES VIII
Naramsinha é o quarto, leão de largas vistas.
Hyrana, o Asura, foi pedir a Brahma
a imortalidade, porém o deus proclama
que toda a vida da morte segue as pistas.
Mas Deus te dá, depois que muito insistas
e nem de dia e nem de noite então Hyrana
podia ser morto; nem terra nem o ar a si reclama
e nem a água do oceano de mil cristas.
Mas Vishnu transformou-se em tal leão
e ao crepúsculo, nem de noite e nem de dia,
prendeu Hyrana sobre o joelho e, iracundo,
matou o demônio com a unha de sua mão,
já que arma alguma a sua carne feriria...
Yamana, o quinto, anão-gigante, salva o mundo!
AVATARES IX
Yamana, o quinto, anão-gigante, salva o mundo,
primeira encarnação da segunda geração,
a Treta Yuga, fruto da expiração
do grande Brahma, em seu poder profundo.
Foi o primeiro avatar humano, segundo
contam os Vedas. O Asura Bali, sob forte mão
governava a galáxia, com a aceitação
de Brahma, em seu poder manso e fecundo.
Yamana, então, lhe pediu humildemente,
um pedaço de terra... E que pudesse
demarcar com três passos seu valor.
Nas duas pontas pôs os pés, rapidamente
e o terceiro sobre Bali a seguir desce...
Parashurama é nosso grande protetor.
AVATARES X
Parashurama é nosso grande protetor.
Para Vishnu, veio a ser sexto avatar
e para as bênçãos de Shiva conquistar,
realizou grandes provas de valor...
Machado e arco ganhou, por seu favor,
para sair a combater o próprio mar,
salvando os homens de Kunkan a Malabar.
Por isso é hoje é venerado, com amor,
desde Kerala até Goa, em festivais,
quando agradecem a seu grande defensor,
que os protegeu de um tsunami bem certeiro.
Mostrando formas humanas naturais
a este valente e audaz conquistador,
seguiu-se Rama, o mais audaz guerreiro.
AVATARES XI
Seguiu-se Rama, o mais audaz guerreiro,
que viveu fazem já sete mil anos
e também encarnou entre os humanos,
um poderoso rei, de arco ligeiro...
Desposou Sitta, um avatar certeiro
da grande Lakshmi, em divinais arcanos,
até que Sitta foi raptada, por insanos
desígnios de Ravana, o novo herdeiro
do trono do Ceilão. Travou-lhe guerra,
com Hanuman, rei dos macacos, como aliado,
tendo de seus três irmãos auxílio amável.
Resgatou Sitta e hoje, em toda a Terra,
por defensor da família é venerado.
E o oitavo é Krishna, belo e adorável...
AVATARES XII
E o oitavo é Krishna, belo e adorável,
qual o descreve o Bhagavad Ghita.
A mais suprema das encarnações habita
esse seu corpo, tão formoso quão saudável.
Seu primo Kamsa prendeu ao venerável
pai, para tornar-se rei. E assim agita
da sucessão a compassada fita
e ao próprio Krishna mostrou humor instável.
Krishna era um oitavo filho e a profecia
era que um oitavo filho o mataria,
embora Krishna lhe mostrasse grande amor,
até que Kamsa o atacou e, no combate,
foi então Krishna que ao rival abate.
E após, Buddha, o nono, é o condutor.
AVATARES XIII
E após, Buddha, o nono, é o condutor.
Filho e neto de reis, luxo e riqueza
gozou na infância e juventude, com certeza,
até que tudo lhe esgotasse seu valor...
Lançou-se, então, após místico pendor
e em sua meditação, a fortaleza
ele encontrou em Moksha, a firmeza
da morte dos desejos... Para o horror
da Sansara infinita dominar
e o Nirvana, finalmente, conquistar,
unido a Brahma, de quem saiu primeiro.
Foi de Vishnu o avatar límpido e arcano,
inspirador para cada ser humano.
E o décimo é Kalkin, um cavalo parelheiro.
AVATARES XIV
E o décimo é Kalkin, um cavalo parelheiro,
que irá acabar com esta era de maldade,
a Kali Yuga... E despertar a eternidade,
como senhor do tempo derradeiro.
Nascerá em Shambhala, qual o primeiro
dos avatares, Matsya... E a humanidade
purificada será de sua perversidade,
por seu galope firme e alvissareiro.
Será um cavalo branco, belo animal alado
e com seus cascos, a imundície escarvará,
até que o mundo se torne venerável,
ante os preceitos de Brahma, o imaculado.
Mas ninguém sabe dizer quando virá,
seu lugar no futuro ainda insondável...
AVATARES XV
Seu lugar no futuro ainda insondável,
o que o Senhor Vishnu ainda fará
ou que tipo de poder nos mostrará,
pelos homens, o seu carinho invulnerável?
E o que faremos nós, na interminável
Sansara? Pois quantas vezes voltará
o nosso espírito e não se educará,
por ser covarde ou mostrar fúria indomável?
Algo de Vishnu existe em todos nós,
ao retornarmos, em novos avatares,
sempre abstratos, em suas formas realistas,
somente pela Artha andando empós...
Pois embora retornemos aos milhares,
São dez os avatares bramanistas...
A CANÇÃO DA COROA
São dez os avatares bramanistas:
foi seu culto em Shambhala bem profundo.
Matsya é o grande peixe das conquistas,
Varana, o javali, foi o segundo...
O grande Kurma é o terceiro nestas listas,
Mohini o combate encerrou mais iracundo.
Naramsinha é o quarto, leão de largas vistas,
Yamana, o quinto, anão-gigante, salva o mundo.
Parashurama é nosso grande protetor,
seguiu-se Rama, o mais audaz guerreiro.
E o oitavo é Krishna, belo e adorável
e após, Buddha, o nono, é o condutor.
E o décimo é Kalkin, um cavalo parelheiro,
seu lugar no futuro ainda insondável...