A ENERGIA DO AMOR
Ao poeta Antonio Napoli
O homem passava ao largo
quando a plantação de aspargo
atingia a floração
e o viajante cansado
sentou-se um pouco de lado
na sela do alazão.
Muitos campos percorreu
sem dar conta que cresceu
da barba ruiva, o cabelo.
É que o nosso viajor
andava atrás do amor
e esqueceu-se do zêlo...
Como era longa a viagem
Até faltou-lhe coragem
e meios de prosseguir;
trabalhou em alguns lugares:
Fazendas, sítios, pomares,
sempre em busca do porvir...
Fugia das veleidades
que encontrava nas cidades
pois era um homem de fibra.
E os seus caracteres
atraiam mil mulheres
cujo coração não vibra...
O tempo assim, foi passando
e o viajor delirando
viu o seu amor passar
quando chegara ao seu porto
já bem velho, quase morto
e sem poder cavalgar...
Misteriosa energia
trouxe-lhe toda a alegria
que há muito fora embora
e o velho virou moço,
endureceu o pescoço,
cavalgando como outrora...
Numa linda carruagem
como uma bela miragem
passara o amor a sorrir
no coração da donzela
dentre todas, a mais bela
que vivera a perseguir...
Valeram à pena os anos,
as tristezas, desenganos,
que ficaram para trás
pois o amor da sua vida
cicatrizou-lhe a ferida
valorizando demais
toda a luta que manteve,
as lágrimas que conteve,
tudo isso não foi vão
pois que, voltando a sonhar,
encontrou sob o luar
sua grande inspiração...
Alguns anos se passaram...
os dois amantes casaram
e vivem muito felizes.
Tiveram filhos e netos
muito amorosos, discretos,
conforme as sua raízes...