O Sangue dos Deuses ou Crítica da Razão Impura

(baseado em artigo de Mario Augusto Borges,

Rio Letras, nº 30/2005)

"introdução"

Grécia, a mulher que na veia

trouxe o sangue dos deuses

e quis mostrar pro Ocidente...

"Apolo"

De um lado, um Apolo eloqüente:

“aos bons caberia a bondade”;

aos justos, o sabor da justiça.

Na ação isolada de alguém

estaria o sentido da vida.

Vou de Xangô, vou contente,

enfrento quem se apresente.

"Dionísio"

Do outro, um Dionísio devasso.

Por ele eu já gosto e me passo.

“A força obscura da alma”,

o pleno louvor dos sentidos,

o que me anima é o caos.

Xangô não me pode suprir

o meu primitivo desejo.

"Kant"

Se olho além, o que vejo?

“A clara infinitude”.

Não há algo mais ou depois

sem “experiência sensível”.

Mas isso também é discutível.

"persona"

E, assim como os deuses que seguem

os seus tortuosos caminhos,

eu passo de um lado pro outro

porque o que quero é carinho,

tal como a cobra no mato

que busca os raios do sol,

mas nunca se esquenta de fato.

"discussão"

No asfalto, porém, é melhor.

Ali o calor é maior.

O carro parou de repente,

não quis atingir a serpente:

preocupação ecológica.

A lógica, o sentido da vida?

Haverá aí alguma fundamentação ética?

Rio, 14/06/2006