Existência
E porque corre a sombra,
noite sem luz, sem paz,
enfraquece a alma tenaz,
o ser humano deixa de sonhar.
E porque o vento
sopra mais forte e impiedoso,
deitando os galhos
da árvore da esperança,
o ser humano deixa de acreditar.
E porque o temporal não cessa,
fazendo estragos em nosso dia,
jardins encharcados de agonia,
o ser humano deixa de compartilhar.
E porque os gritos soam,
as lágrimas rolam pelos degraus
da existência,
sem piedade, sem clemência,
o ser humano deixa de perdoar.
E porque o inverno insiste
em congelar os sentidos,
em esfriar as emoções,
em permanecer nos corações,
o ser humano deixa de amar.
E, quando tudo parece perdido,
Deus se faz presente
num amigo, na natureza, na poesia,
que envolve o sentido,
surgindo uma nova canção,
um novo amanhecer,
para o espírito voltar a acreditar.