Um castigo para os que me mandam embora
Famigerada roupagem
Com que me vestem
Sou igual aos selvagens
Uma praga da peste
Insuflada, arruaceira
Feroz , impertinente
Perigosa, grosseira
Pintaram tudo, menos gente
O que mais ouvi na vida?
Não foram palavras de amor
Fui ferida, invadida, medida, distorcida.
Mutilaram meu interior
Chorar eu não sei mais
Também não sei ser personagem
Vender minha alma jamais
Ainda tenho coragem!
Foram muitos os que disseram
Que meu nascimento foi um erro
Esses me perderam
Tiveram meu carinho derradeiro
Alguém disse que o único erro de sua vida era eu
Que tudo fazia ao contrário
Ai como doeu
Meu coração operário
Operária sempre
Não vivo a vida em vão
Mesmo ferida me mostro contente
Sou companheira sem pretensão
Não adianta revolta
O tempo é meu amigo
Todos me querem de volta
Nunca voltar é melhor castigo!