MENINO JESUS
Eu caminhava na trilha.
À minha frente três medievais anãs.
Elas iam pregando o sermão dos desesperados.
Não falavam do Deus Amor.
Não se admiravam de Sua criação tão linda ao redor.
e nem da Paixão de Cristo por nós.
Quase esgoelando, uma monopolizava o discurso:
-Satanás cura também!
Ele põe e tira a doença.
Eu rezo todo o dia para Deus me proteger.
Eu me sentindo o bobo da corte de algum suserano
fui surpreendido por um negrinho:
-Oi, moço!
Seria o menino Jesus me dando o seu bom dia?
E assim, indiferente à beleza do dia
e entusiasmadas com o que o diabo pode,
iam seguindo com a enfadonha ladainha.
Para cada nome do divino invocado,
dez tantos do arquiinimigo exaltado.
L.L. Bcena, 10/08/2010
POEMA 208 – CADERNO: CHEGADA NO PORTO.