MENINO JESUS

Eu caminhava na trilha.

À minha frente três medievais anãs.

Elas iam pregando o sermão dos desesperados.

Não falavam do Deus Amor.

Não se admiravam de Sua criação tão linda ao redor.

e nem da Paixão de Cristo por nós.

Quase esgoelando, uma monopolizava o discurso:

-Satanás cura também!

Ele põe e tira a doença.

Eu rezo todo o dia para Deus me proteger.

Eu me sentindo o bobo da corte de algum suserano

fui surpreendido por um negrinho:

-Oi, moço!

Seria o menino Jesus me dando o seu bom dia?

E assim, indiferente à beleza do dia

e entusiasmadas com o que o diabo pode,

iam seguindo com a enfadonha ladainha.

Para cada nome do divino invocado,

dez tantos do arquiinimigo exaltado.

L.L. Bcena, 10/08/2010

POEMA 208 – CADERNO: CHEGADA NO PORTO.

Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 13/06/2011
Reeditado em 21/06/2011
Código do texto: T3032506
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