Consternação
Quando o homem olha para si mesmo e busca compreender sua origem e o significado de sua vida, seus pensamentos se perdem no passado e, infelizmente, contemplando todas as suas ações a vergonha toma conta de sua alma, estremecendo seu coração.
Pois, muitas vezes, ele não se pode ver diferente de outros animais e se compara a todas as espécies dos predadores.
Com o detalhe que os irracionais, integrados à cadeia alimentar, não matam senão para alimentar-se, sem orgulho ou vaidade, só motivados pelos instintos da sobrevivência que, por si só, equilibram a vida.
Quão vergonhoso é para nós, vil espécie, que deveria preservar a Vida e reinar sobre a Natureza, dizer-se imagem e semelhança do Criador, quando nossas ações ultrapassam as das mais baixas feras que se esgueiram nas noites das selvas.
Ó homem, do que esqueceste vós?
Onde está tua supremacia, tua origem divina, o poder de tua razão e a força do teu coração?
Talvez, subjugado pelo mal!
Afastado da Verdade, aprisionado na ignorância!
Quando, então, abandonarás as misérias humanas e encontrarás a liberdade, que deverá te levar a comungar com teus companheiros de jornada, neste mundo de expiação?
Somos uma única família, como os antigos povos hebreus, a peregrinar nesta imensa jornada em busca da libertação.
Basta um só momento do afastamento da soberana razão, que como Moisés sobe ao monte para alimentar seu espírito, para voltarmos a fundir bezerros de ouro e adorar a nós mesmos, esquecendo que todas as espécies são irmãs e que, embora divididas em tribos, a fraternidade, liberdade e a igualdade deveria unir todos nós!
Ó irmão de humanidade!
Se tuas mãos se mancham com o crime, minhas vestes já não são mais purificadas e a vergonha enrubesce minha face.
O que me resta, senão curvar meu corpo, dobrar meus joelhos e orar... Suplicar, pelo perdão!
Mas, minha oração, por mais silenciosa e solitária que seja, será uma ação no seio da humanidade, na eterna busca da conscientização!
Pois, bem sei que não estou sozinho nesta minha humilde missão.
Ó senhor... Perdão, perdão! Perdão, por todos os meus outros irmãos!