Ao meu Deus!!!
 
            Olha, Pai amado! Quero te pedir licença pra falar do meu mal estar. Vivo mergulhada numa tristeza profunda... Ela já está quase me afogando, e não sei sair da mesma, embora saiba muito nadar... Nenhum lugar me alegra mais como antes... Meus pensamentos são turbulentos!!! Me levam pra lá e pra cá feito furacões destruidores...

             A vida material segue tranquila, a família também, mas meu coração está completamente enfraquecido e não quer mais bater. Sinto tantas angústias que penso que vou desmaiar... Sou acompanhada por dois médicos ( neurologista e acupunturista) nada disso me melhora... Me sinto presa! Em casa... em mim mesma... é até em alguns pensamentos.
            Escrever e cozinhar, são duas coisas que mais gosto na vida... Mas eu, particularmente faço isso, pra proporcionar prazer a alguém... filhos, sobrinhos, maridos, família e amigos... De todos os que citei, apenas o marido vive grudado em mim, os demais nem me ligam, só se por acaso de mim precisarem... E eu? Não preciso de Ninguém??? Sempre estou bem? Sempre sou âncora para sustentar os desequilíbrios dos outros...? Não!   Não sou assim. Me sinto só e desamparada... Ainda que esteja as vezes acompanhada...

 
            Meu vazio é profundo... e cada vez que tento ajudar alguém, parece que o seu peso passa só para mim... Acho que na minha idade, pertinho dos 50( cinquenta) Tudo isso é normal... Em alguns momentos, isso é normal acontecer. Porque a vida muda seu percurso, aquele que nós no início o projetamos, pensando inconscientemente, que eles seriam sempre a vivenciados de forma coletiva... Mas a vida vem e separa, refazendo nossos projetos e destruindo alguns que ainda estavam só  no papel...

            Vivendo nessa inconstância de sentimentos, ora alegre, ora infinitamente triste... com vontade de morrer... Eu te peço meu magnífico pai! Tudo que te pedi, me destes além do que eu sempre esperei... E eu Te agradeço infinitamente... Mas Agora, te peço, o que eu só pedia na minha adolescência ... Pois é muito semelhante, aqueles sentimentos, com os que sinto agora... Então, te peço que me cure! Ou se puderes me leve pra outra dimensão, o mais rápido que puder...

             Viver assim, meu amado e supremo Pai, não aguento mais... Meu jardim e meus animais estão sofrendo muito... Tudo por causa dessa minha constante apatia, a qual não me permite mais  perceber os encantos que a vida sempre me mostrou.

 
Cuida de Mim!  Deus Pai! E me faça ver que a minha família, vai logo! Logo! Aprender a ser independente... e viver sem minha presença...

Maria de Fátima Alves de Carvalho / poetisa da Caatinga
Natal,04.06.2011

 
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 11/06/2011
Reeditado em 16/08/2020
Código do texto: T3028019
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