Sem Pai
Este mundo onde vivo
Não é meu;
Sou um raro no museu de vendidos,
Um servo que tem distendido
Os braços que servem a Deus.
Eu sofro no peito castigo,
Um carma esquivo e cruel;
Tem nessa pena sentido?
Mereço um cantinho no céu?
A terra onde piso
Insalubre;
De pestes que sobem em meus pés
É lama fria e profunda, e
Me suga provando minha fé.
As noites daqui não tem Lua,
Os dias perderam o Sol;
O caos passeia nas ruas
E o bem foi rendido pro mau.
Eu baixo a cabeça,
Desisto;
Recito um verso sem letra;
Parado em meio ao caminho
Espero que o guia apareça.