ESPIRITUAL
Celia Lamounier de Araujo
No alto do morro
janelas se escancaram
em busca do sol
pensando em Você
Você que é poeta
sem nada escrever.
Você que é só alma
em corpo-fantasma que vê
janelas escancaradas
por onde a fome negra
é minorada com raios de sol
e esqueletos de criancinhas
subindo ladeiras
desconhecem Você.
São anjos desgarrados
versos de sua poesia
preto e branco no verde
no vermelho a brincar.
Janelas escancaradas
onde o medo que existe
é da lata d’água furar
pois no morro água-rara
é riqueza sem par.
Janelas escancaradas
famintas de solidariedade
esperam por Você que,
tão azafamado, passa sem as ver
... E a tarde vem chegando
num olhar de a-Deus chorando
se fecham, outra vez...
www.celialamounier.net
.