Culto do nosso amor
Cada molécula, vibrando da cabeça ao dedão
as paletas degustativas provando da tua hóstia
nos olhos, a minha suprema alegria, ainda sem tradução
no Gênese, a ordem sagrada de aumentar nossa dinástia
Com o mais profundo amor no peito, começamos o Pai-Nosso
as suas mãos nas minhas, os teus lábios esboçando um sorriso
com o branco acuçar de tua veste sacerdotal, minha vida adoço
fomos duas crianças amando e ao bom Deus de amor submisso
Chegamos à adoração, com todas as suas notas cantadas caladas
e toda a nossa musica era do tipo de escala musical mais sublime
já que nenhuma fração de nota sequer fugia ao restrito regime
foi neste milagre sônico que compomos nossas melhores baladas
E ao dançar, chegaremos enfim á parte mais bela do sermão
pois saberemos com certeza qual raio de sol nossos olhos fitam
de tal forma eloquente que os próprios anjos questionam, cogitam
nos transportar ao próprio paraiso estrelado pela ponta da mão
No sermão aprendemos muito pouco: já sabíamos por experiência
a deixar corações guiar nervos desta tão natural viagem empírica
dos prováveis variados frutos de nossa profundíssima convivência
ao planejarmos o novo Édem ao som da abençoada música lírica
Mais eis que o perfeito culto acaba, agora que nós mal nos separamos
e sem um cobrar pesaroso da religião pela impossível perfeicão divina
nos sentiamos bem, sabendo que Deus nos ama como nós nos amamos
mesmo tendo a culpa pelo castigo do calvário como nossa eterna sina
E acabou se o nosso domingo, junto com este nosso culto amoroso
bem na iris dos nossos olhos, a dor escondida de ter que dar o adeus
é que sabemos bem como o amor nos ajuda no mundo tempestuoso
quando somos apenas um casal cristão embalados na força de Deus!