poema errático
saiu pelas ventas
ganhou a rua
a avenida
a calçada
fugiu pela estrada
correu muito
andou bastante
depois achou um banco
onde se sentou
para ver a vida passar
por instantes, ao menos
mas viu logo
que devia prosseguir
pra onde?
não tinha mais tempo
saiu de novo agitado
continuava desconhecido
desguarnecido
viu que estivera vencido
desde o nascimento
nada havia ao lado
ou à frente
e atrás,
só um monte de gente
pensou em voltar pra casa
não o fez
consumiu-se
ou decidiu evadir-se
mais uma vez
deixou-se levar
pelo abraço do vento
na cabeça o tormento
de ter existido
ou permanecido
num banco de estrada
qualquer
atrás de um simples olhar
ou de quem viesse escutar
o que ele não tinha a dizer
pois nunca dissera o que havia
viu que agora chovia
chegava o anoitecer