Aos novos rumos

Psicografado

Andamos os dois errantes, como mendigos andrajosos,

Restruge lá fora o vento, convolvem-se coriscos,

Conjuramos nossas preces em murmúrios lamentosos

E nos juntamos, como primitivos seres, nos apriscos.

Nos sentimos como feras nessa hora,

Acuadas pela sanha do temporal esbravecido

E só esperamos, num abraço enternecido,

O rutilante fuzilar de nova aurora.

Vamos desterrar a sombração que nos enfusca,

Preludiar nosso pluto banquete dos amores

E deixar que a perfulgência que noss’alma busca

Seja um abrolhar eterno dessas cores.

Fujamos da tristura desse promontório horrente,

Levemos ao mar a nossa nau, velas esfraldadas

No brasil dos mastros flaflando mansamente,

Até verdear o céu imbrincado de esmeraldas.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 16/11/2006
Reeditado em 17/11/2006
Código do texto: T292493