SEM ABRIGO

Na calada da madrugada fria

Sem abrigo e sem segurança

Pelas ruas sombrias avança

Seres indefesos e abandonados

A margem da sociedade que com descaso

Não os acolhe as vezes por medo

Marginais que na vida aprenderam cedo

A se mostrarem de alguma maneira fortes

Para que possam sobreviver

Não que sejam anjos abandonados

Mas muitos seres com seu futuro ceifados

Pelo preconceito e complexo de superioridade

Muitos se tornaram escravos da cidade

Que de berço transformou-se em prisão

Não temos o direito de aumentar suas penas

Mas sim a oportunidade de os reeducar

Sabemos que muitos casos parecem perdidos

Jovens e velhos com semblante sofridos

Aberrações no vício pelas ruas a caminhar

Já não se acham mais gente

Já se acham talvez animais

E se afastam das pessoas já prevendo

Que muitas já estarão dizendo

Longe daqui seu vagabundo

Para que viestes ao mundo

Toma vergonha e vai trabalhar

Parece fácil e justo este discurso

Mas muitos irmãos se deixaram vencer

Pelo temor do fracasso

Seja no lar ou no abraço

Dos seres que um dia amou

E com medo de ser rejeitado

Não teve coragem de insistir

Preferiu para o mundo sair

Outros acharam melhor se entorpecer

Tentando seus problemas abandonar

Como se isto os fosse resolver

Mas agora precisam de apoio e amor

De muita prece e carinho

Para que possam voltar ao ninho

Seguros e amados por seu protetor

Na certeza que irá um dia recomeçar

Mais forte e preparado para a vida

Já tendo cicatrizado algumas feridas

E ciente que muito terá que amar!