TRANSFORMAÇÃO

 

 

Numa fase, eu só via simplesmente,

O meu corpo, expressão da minha mente

E, além disso, o deserto, mais nada...

No deserto, se existia movimento,

Era areia levada pelo vento,

Depositada, ao redor, em camada.

 

Mas o vento que soprava insistente,

Modificava até a minha mente

E percebi que meu corpo era pequeno...

Que cada grão de areia era um mundo

E que o universo era mais fundo

E que eu era menor que o grão de feno...

 

Mais tarde eu aprendi que a dureza

Era um estado, forma de leveza,

Onde nada do que parece é real,

Em que tudo que se junta enrijece,

Que até o que é novo envelhece

Mas que tudo tem começo e o final

 

Muito depois, já chegando à velhice,

Com os brancos cabelos e a calvície

Vislumbrei que tudo está em transformação.

Não existe princípio no infinito

Tudo que aprendera era um mito

E que o final também era ilusão!