Ainda sou peregrino na Terra
Quando parti, em busca de mim, dispus-me a ficar nu porque pensava estar só e na escuridão.
Percorri, assim, os mais adversos caminhos, na dolorosa e profunda estrada da minha interior solidão.
Caminhei. Caminhei, por tortuosas vias, no grande vazio da gloriosa e vasta imensidão.
E embora, muitas vezes, perdido nas vias da minha própria razão,
de alguma forma, sempre, me apoiei no firme cajado da mais pura e verdadeira emoção.
Quimeras estas que, alimentando minha alma, neutralizaram as obscuras forças da intensa solidão.
Foram somente elas que fizeram crescer meu ser e amadurecer a minha devoção.
Pois, ao longo da marcha, a cada tropeço e em cada dor, reencontrei verdades
que se revelaram no cansaço e no silêncio da minha sofrida peregrinação.
E, sem estas verdades que me auxiliaram a reconstruir partes de mim,
eu não poderia, de forma alguma, contemplar a Grande Revelação!
Que muito tarde descobri que, apesar de imensa, jazia escondida e silenciosa nas profundezas do meu próprio coração.
Ainda sou peregrino na Terra, mas já não estou nu. Pois, tenho sobre mim o sutil manto da proteção da verdadeira fé e da fiel dedicação.
Que, muitas vezes, através de suas inúmeras dobras, faz de mim um ser invisível aos olhos da clamorosa população, mas me permite, sempre, a prática da mais calorosa devoção.
E, agora, em minhas mãos, que estava vazia quanto nasci, se encontra a lamparina da bendita iluminação.
E, saibam todos, que é somente está luz benfazeja que me torna em ser coletivo e neutraliza a solidão.
Pois, é ela, somente ela, que atrai outros irmãos peregrinos nessa longa estrada de real revelação, com seu imenso e extraordinário visível calor e clarão, que nada mais são do que a prece e a dedicação a todos os homens, nossos irmãos.