Sangue derramado

Por que tanto perdura

pois é contra a natureza.

A mulher na clausura,

pelo homem ser presa.

Mas aos poucos se liberta

e ainda aceita esta maldade.

Acorda e não desperta

do julgo da crueldade.

A mulher apedrejada sofreu,

o homem não aparece.

Que adultério cometeu

ninguém conhece.

Pela mulher implora,

impõe-se e conquista.

Deu-lhe com pouca demora

a cabeça de João Batista.

Não consigo elogiar o homem,

nele não vejo benefício.

Os pensamentos se somem,

ele não assume o sacrifício.

Não estou generalizando,

tem muita exceção.

É que de vez em quando

encontra-se um homem bom.

Sou a favor da realidade,

a ordem é sempre machista.

E para dizer a verdade

eu sou mais feminista.

Faz as leis entre linhas,

com elas enriqueceram.

Mataram as criancinhas

que nem o mundo conheceram.

Jesus morreu de desgosto,

foi Maria Madalena

que enxugou seu rosto,

para a mulher meu lenço acena.

Helmuth da Rocha
Enviado por Helmuth da Rocha em 27/02/2011
Reeditado em 27/02/2011
Código do texto: T2818470