O buraco
Eu não sei dizer
Em qual buraco eu fui me meter
Por que eu não me livrei antes de todas essas entidades nefastas?
Por que eu não me coloquei numa posição melhor perante todos esses problemas?
Por que eu não me olhei no espelho antes e não me arrependi de tudo o que eu havia feito?
Quando eu acordei
Eu mal sabia pelo dia que me esperava
Carros passavam
Motos zuniam
E eu sequer estava acordado de tudo o que ainda me esperava
Eu esperei que você abrisse a janela de seu quarto e cantasse para mim
Eu esperei de você um mundo de flores
Enquanto você esperava se matar tão docemente
Havia uma época em que eu não acreditava mais em mim mesmo
E só o que me restava era pregar aos outros o meu manifesto bélico!
Todas as peças desse meu jogo de xadrez estavam assim tão espalhadas
E todo o jogo que eu havia planejado foi derrubado por um estranho
Um belo estranho entre nós!
Eu tentei e tentei me procurar no meio da vastidão de toda aquela multidão
Eu olhei pra mim mesmo que eu havia me tornado um monstro camuflado
E para muitos de vocês eu ainda conseguia esconder essa minha tão doce-terrível face
Eu tinha tantos sonhos em comum com você
Eu já fui um rei e uma rainha
Eu já fui um anjo e um perdedor
Eu já fui herói e um inconseqüente ladrão
Eu já fui tudo isso e mais um pouco
Eu já fui o mais paciente de todos os enfermos
Eu já fui o mais volátil de todos os amantes
E aqui ainda estou eu.
Vivo.
Nesse antro chamado “Mundo”.