APÓS A JUSTA...
(Prece de uma Dama Basca)

Há mais de cinco séculos vivo sem o coração!
Senhor! E como lateja-me a vida, desde então?!
Tanto tempo de dor contida só no esquecimento
de um amor fadado ao preço de pagá-lo com um tormento!
Não lembre-me da Espanha; desse tempo de tortura!
A nascente da vida era marcada com amargura!
Fora fatalidade; benção - também maldição
o nosso amor infindo, nossa aproximação!
Se em tais dias sombrios minha prece era desdita,
 finalmente, agora - Deus! - tu me tornas bendita
ao devolver-me a alma, nesta triste trajetória;
Tua benção para a minha salvação, nesta história!
Senhor! Grata te sou - pois tardo, após tanto castigo
de volta tenho o amor guardado há tempos, só comigo!
A marca inesquecível de uma justa implacável
some-se no avanço deste tempo incontável!...
E guarda-me, Senhor, no que me espera doravante,
de tornar a perder parte do coração amante:
este audaz Cavaleiro - de uma justa, combatente, 
que após a eternidade em que me foi não-existente,
toma-me em um abraço de ensandecida saudade,
rogando nos unamos por toda a perenidade!...







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