FALSO PODER
Águia boba sob a abóbada
Pedestal partido, pedinte, “perene”
Sacudido, movido...serpente prenhe
Frio olho equinocial que treme
Fixo na pedra pútrea, solene!...
Ilusão galopando golpes, relâmpagos
Lampejos apenas, pálpebras pesadas
Visão enterrada
Terra nua, tórrida
Muralhas geladas
Debulhar o Ser
Saber? Ter? “Egoisticer”
Morto! Seco poço,
Túnica única,
Luz anuviada.
Mundo monumental
Mudo, absurdo,
Fala glacial
Alas, salas, salões suntuosos
Construídos... Movediça areia
Peias, pensares ínfimos, lodosos
Obtusos, escuros
Cântaros cheios... vômitos, cântico amoral
Ganância, garra de guerra aguerrida
Poder pobre, podre, pó, só...
Impudico, cínico, fantasiando
A vida entre nós.
Quando ao abismo, cisma, cimo verdadeiro
Névoa... morte impassível
Mira seu Eu ateu
De matéria abarrotado, rota errada
Arrota em sua cara
O seu poder sem poder, se resvala
Cala-lhe a fala
O cheiro do fim, enfim o acometeu
Face inexorável faz-se poder caído
Construído, a queda
E o homem quedo, que medra e herda
Acorda na corda que corta, troca
E o falso poder se perdeu
Estraçalha-se
Atrapalha-se
Piedade!
Verdade:Fronte de Deus.