A ERMO DA FÉ

Eu amo alguém...
Que vive a debalde
Cheio de saudade
Não sei se tem
Olhos raros
Ou olhos claros.

Eu amo alguém...
Não sei quem é
Nem onde está
Mas vivo a procurar.

Eu amo alguém...
Que nunca chega
Que não vem
Que anda por ai
Espero que atrás de mim.

Eu amo alguém...
Sobre o qual nada sei
Não sei se é feio ou bonito
Bendito ou maldito
Normal ou esquisito
Só sei que dele preciso.

Eu amo alguém...
Que talvez more no além
Ou aquém, sei lá
Que vive no deserto
Ou habitante do mar.
O que sei mesmo.
É estou a esperá-lo.
Esse alguém que virá, será?
Caso venha será o meu bem querer
E se não vier...
Sairei andando pelo mundo a pé
Vivendo a ermo da fé.

Eu amo alguém...
A quem chamo
Com avidez.
A quem meço
Metro a metro.
No entanto... aos prantos
Constato de fato:
Ele é disperso, complexo,
Anexo... ao seu próprio reverso.

Eu amo alguém...
Alguém eu amo.
Será que existe esse alguém?
Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 02/01/2011
Reeditado em 25/07/2014
Código do texto: T2704482
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