SEMEIA E COLHE
SEMEIA E COLHE
Pobre de ti, homem, que vais culpando a vida
e maldizendo os pesares do teu peito!
Não sabes tu que a dor que te castiga
é a semente que te cabe por direito?
Lamenta-se em vão a natureza perseguida
e arranca, cada um na ceifa, seu proveito;
troam centenários troncos na jângal descaída;
plenos de azougue, peixes disseminam o mal feito.
Enquanto o homem traça sua sina
de sede e de miséria em seu futuro,
a natureza, revoltada, os abomina.
Vão secando os rios, bichando os frutos,
o alvor dos olhos torna-se escuro
e, ao final, seremos todos tristemente brutos!