O Pobre Suicida
O sangue na taça:
Vermelho ou rubro ou vinho...
Pernas sobre o pufe... Ameaça
Ao vagabundo e ao ninho...
Túmulo e taça de cristal
Alma escravizada no inferno astral.
Morre-se de uma só vez
Tez ferida por espinhos
Cruz, encruzilhada, malvadez...
Ferida profunda no peito, moinho
Que remove passados tristes
Que deixam resíduos e chiliques.
Um corvo que se lança ao espaço
Desesperado e agonizante...
Sua rebeldia, agora, calma, é um traço
Do que foi enquanto jovem, infante...
Agora, morre uma morte calculada
Pois, se não fosse a vida, não seria nada...
Um carvalho na mão o sustenta
Passos trôpegos conduzem-no ao inferno
Inverno em uma vida purulenta
Nojenta; composto químico no caderno
Fórmula decomposta da vida
Sofreu, sofreu o pobre suicida...